sexta-feira, 30 de março de 2012

O Medo que habita em mim – impressões sobre a sua experiência com o medo..




              Foi um jogo muito intenso, de concentração e emoções muito forte, alguns falaram na roda que tiveram dificuldade de se envolver, porém eu me joguei, visualizei  esse medo, deixei fazer parte de mim, sentir tremer todo o meu corpo.Jogo teatral.
             Chorei muito, gritei, transpirei, vivenciei outras emoções, quando a professora direcionou a gente a enfrentar o medo, de tentar chegar no topo e não deixar o medo  fazer mais parte de você, fomos do exagero, do medo nos dominando, a convivência com ele, essa caminhada diferente, junto com o medo, mostrando isso com o nosso corpo, com arte, com música, falas soltas...
            São várias as sombras que nos acompanham, resquícios de um passado que não desaparece.
           Dor do medo de não esquecer, medo de entrar numa realidade criada por mim e me perder nela, medo de afastar as pessoas, de ficar só com as mascaras do sorriso e não deixar ninguém entrar.
           Medo de não fazer mais sentido, medo de desacreditar...Medo de perder de vez a inocência do perdão.
           Medo de me perder de Você e não conseguir voltar para Teus braços, de não conseguir chorar e rir na tua Presença como uma criança, que não quer nada, só ser abraçada,pra perder o medo...
            No jogo teatral as mudanças do corpo de acordo com o estimulo da emoção, da concentração do que nós queríamos transmitir, é linda, a transição do grito de dor, quase vomito pelo choro ao sorriso mais leve e a gargalhada mais solta por não estar mais com o medo...
            A chegada no alto da montanha no trás força, mesmo sabendo que vamos descer novamente, pois ninguém consegue suportar ficar muito tempo no cume da montanha, então iremos carregar essa pedra outra vez para o topo, mas o caminho pode ser mais leve sabendo que não estamos só, essa presença pode ser um amigo,para os que não acreditam Nele, mas esse amigo é a presença Dele na minha vida...quando estamos no vale sentimos falta, eu sinto falta de Ti...para os amigos que são Cristo em minha vida,vocês tornam minha jornada mais leve, como se pudesse realmente voar em alguns momentos.

Suy Melo

sábado, 24 de março de 2012

A maldição dos “Se”


            A minha vida foi mais ou menos assim até agora: nasci, cresci um pouco, sofri, sorrir, te conheci. Mas se tivesse sido diferente...
            “Se” no meio do caminho não tivesse tido a pedra... Talvez não tivesse crescido o pouco.
              Se tivesse ganhado o carro novo... Talvez não tivesse te conhecido no decorrer da caminhada.
              Se meus pais não tivesse se separado... Nós não teríamos mais um assunto em comum, nem poderia compreender tanta gente.
              Se eu não tivesse caído depois daqueles dois copos... Eu não saberia como andar com um só.
              Se não tivesse visto e sentido toda essa violência de perder algo antes do tempo... Talvez fosse mais inocente, mais calma, mais amável, menos acida... Ai não seria eu.. 
              Se...se...Se a vida tivesse dado uma volta de 180, eu não estaria aqui hoje escrevendo sobre isso, não teria passado tanto tempo conversando contigo, talvez não teria te conhecido, como minha vida seria pobre mesmo com todas as riquezas conseguidas, como seria fria sem o calor das nossas longas prosas sobre poesia, arte, vida, filosofia, Deus...Como seria morna e sem as contradições, e o que é a vida sem contradições? É uma vida que já morreu antes de nascer, é um ser que vive sem sentido e sem perguntas, sem extremos, sem cicatrizes...


Suy MElo

terça-feira, 13 de março de 2012

Tuas Gavetas


Sempre tão bem organizada interiormente, consegue ter vários compartimentos, consegue colocar a família em uma, a igreja em outra, Jesus em outra, amigos e romance em outra...
     Consegue montar estratégias pra não sofrer, para não ter que chorar, foi ensinada assim, te mutilaram assim, “não faça isso, não chore, não mostre pra sua mãe..seja forte” e você se tornou forte..
     Mas como sempre situações inusitadas surgem, adoro essa parte, onde tudo se mistura, o caos impera e você não encontra mais nada...
     Eu fico imaginando que eu fui um pouco desse caos, fiz perguntas certas e erradas, te instiguei a pensar, fiz chorar, chorei contigo, minhas coisas se misturaram as tuas, dizem que no caos, a organização surge...
    Então te levei ao lugar mais alto e no ritual, jogamos todas as tuas gavetas fora, ficou um armário sem compartimentos, tudo pode ficar estendido, limpo, mesmo com certa desorganização, sobrou um espaço razoável, para se colocar novas coisas, novas roupas, novos estilos, novas pessoas, novas lembranças...
      Sempre bom participar contigo das tuas limpezas diárias, dos teus dias de jogar tudo no chão do quarto e não encontrar nada que te serve, de querer mudar teu guarda roupa, de querer recuperar as gavetas lançadas foras...Ai estou eu por perto te lembrando como foi todo o processo, que agora se vive realmente, que agora podemos xingar com vontade o mundo que te ensinou e que você não quer mais fingir que ta tudo bem..
     Estou aqui, eu sou você na sua versão melhor, na sua versão pior, sou você por que te conheço, por que me confundo contigo, por que andamos juntos por tanto tempo que a gente acaba se tornando parecidos, éramos tão diferentes no começo, se lembra? E agora sentimos nossas semelhanças gritando, por mais proximidade... Por presença...
                                                                                              Suy Melo




segunda-feira, 12 de março de 2012

O meu Nada.

     É você que eu sei, não é a pessoa certa, nem meu melhor amigo, nem minha versão masculina, é só você, desse jeito irritante, é você com suas invariáveis, é você sem saber direito quem seria você...
       Mas eu sei que pra mim, você será essa pessoa que vai me conhecer por inteira, deitada, entregue, sem amarras, sem desconfiança, na verdade a confiança vai ser a base, o olhar profundo, que transporta a tantos outros lugares...
       Já te falei como os toques das mãos são importantes? Falei outro dia, que nesse toque de mão saberíamos o que levaríamos para o resto do nosso dia... Mão que chama, que acaricia, mão que cuida, que adverte, na gesticulação de uma conversa expressiva.
        Pra você o meu “não é nada..” nunca seria o nada realmente, o meu “não, ta tudo bem..” só você saberia que as coisas sinceramente não estão tão bem assim...
       Seria perfeito com todas as suas imperfeições, te conhecer na mesma proporção, te escolher todos os dias e ser escolhida por você para caminhar junto...
       Seriamos uma dupla dinâmica, de energia, emoção, amor, beleza, arte, cheios de vida, de encantos, sombras e cores, rascunhos a terminar, textos a terminar, historias a criar, aventuras a viver...
       O nada seria bem mais interessante, por que estaríamos juntos, o nada que nos uniu, o inútil meu e o seu, se juntaram, pra simplesmente estarmos juntos e encontrarmos a beleza nessa imensidão do nada.
                                                                                              Suy Melo