domingo, 25 de janeiro de 2015

Viajando com Simone de Beauvoir

       "O mundo se estende em torno de mim sem ordem prefixada" Sartre. Uma bela descrição do seu tempo subjetivo, do seu tempo de férias, tempo que se escoa rápidamente, tempo de pausa e de desfrutar de novos lugares, novas pessoas ou de simplemente rever tudo com olhos que se aprecia o que está em volta, sem pressa...
    Abandonar-se ao tempo, deixar passar sem a tensão do compromisso, poder parar e vizualizar um lindo por do sol ou a novidade de esperar um nascer do dia...Momentos que desfruto nessas viagens e que tento levar para minha correria da rotina, de ter manhã, tarde e noite ocupada por aulas, trabalhos, cursos, projetos, familia, igreja e amigos,...
         Tempo algo tão subjetivo e objetivo ao mesmo tempo, essa sensação de que se prolonga demais e demora a passar, em outras circunstanscias o oposto grita e não se viu passar..."O tempo nunca é exatamente aquele que é necessário, ou seja, aquele que conviria exatamente a uma coisa determinada sem ser surpérfluo ou sem perda" Sarte.
        Esse é o tempo de se "perder" com pessoas interessantes, evitar as repetiçoes vazias e as frases gravadas, desligar o automático e rir um pouco das engasgadas, da falta de jeito de iniciar uma conversa. Só não existe tempo para permanecer o mesmo, por que o amanhã nos promete ser melhor.           Quase no fim da viagem e final de uma boa leitura, A cerimonia do adeus, de Simone de Beauvoir, um lindo livro sobre os últimos dias de Sartre e sua trajetoria literária e política, recomendo sempre viajar e ter um bom livro consigo, por que viajar e ler tem sido o meu  melhor investimento do meu tempo.

Suy Melo

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Braços Abertos!


         Sair de Fortaleza no dia 03/01 chegando em Santiago a noite com uma grande expectativa, pois nessa aventura de sair da minha zona de conforto e conhecer outros lugares, resolvi ir e contar com ajuda e a bondade de outras pessoas que não conhecia persoalmente, novamente através do site couhsurfing e tambem por uma pagina no Facebook chamada de mochileros chilenos.
      Cheguei sozinha no sabado a noite, no aeroporto, lá não tem sinal de wifi e tão pouco encontrei o rapaz que ficou de ir me buscar, imagina então o desespero, mas brasileiro sempre da um jeitinho e com o espanhol ainda meio portunhol pedi para uma senhora fazer uma ligação para ele e deu tudo certo, nos encontramos e já saimos a percorrer a cidade rumo a sua casa, Hernan com sua familia me recebeu super bem por uma noite, no outro dia Arnoldo meu amigo brasileiro chegou, sair com Hernan para conhecer um pouco da cidade e depois do almoco típico no mercado central fomos buscar meu amigo no aeroporto e de la fomos direto a Valparaiso, onde outra surpresa nos aguardava .
        Valparaiso uma cidade com um belo porto, muita arte de rua, lá ficamos na casa de um amigo do Facebook, também não estava quando chegamos na rodoviária, encontramos dois jovens que falavam um pouco de português e que amavam o Brasil, compartilharam a internet e conseguimos falar com Maxi, que nos buscou e já nos levou para conhecer a cidade, encantadora por sinal.
       Passamos duas noites, e ai sim começou outro desafio, nossa primera vez pedindo carona na estrada, que foi algo surpreendente, atravessar o norte do Chile com mais de 1400 km "hacendo dedo", como se diz aqui, pedindo carona, cada historia diferente, muita emoção ao ver um carro ou um caminhão parando..kkk!
      Pessoas que nos ajudavam com informações, e sempre falavam muito bem do nosso pais e em como queriam conhecer, sempre estive com a bandeira , algo que percebi que nos facilitou muito.
            Foram 11 dias muito intensos, acampamos em um posto de gasolina, dormirmos em rodoviaria, e nessa noite conhecemos um peruano "buena onda" gente boa demais, professor de matematica que nos deu varias dicas sobre Perú e Bolívia, que seriam nossos proximos destino, porém depois do deserto fui furtada, então começou nossa saga de volta a nossa terra..kkk!            Perdi minha mochila pequena, com todo meu dinheiro e passaporte, passamos uma parte da noite na policía que não fez nada, iamos dormi na rodoviária quando uma senhora nos convidou a dormi em sua casa, foi um grande impacto que veio com um enorme sorriso, perceber a graça que é nao ter nada e depender da bondade de desconhecidos, que não tem nada haver com meus problemas mas que se importam, no outro dia cedo fomos a Interpol que também não nos ajudou muito, nos deram uma caixa de biscoito..kkk! Voltamos para polícia civil e pedimos carona até um lugar para que podessemos pedir carona na auto estrada, levaram-nos e tive a sorte deles encontrarem meu passaporte.
    A volta foi super rápida porque encontramos um homem enquanto caminhavamos no meio do nada no deserto, Abram parou e perguntou para onde iamos e foi o que mais andou com a gente, deu na minha mão uma nota equivalente a 100 reais para que eu comprasse comida para mim e meu amigo, pessoas que nos surpreenderam somente por não esperarmos atitude boas das mesmas...Resumindo conseguimos voltar para o Brasil sem gastos extras, adiantamos o voo sem pagar nada e sem ajuda do Consulado Brasileiro, apenas com o contato com a TAM.
           Faria tudo novamente,  e já espero pela oportunidade de visitar amigos pelo mundo afora, quem sabe México, Colômbia , Espanha ou Perú...O que me move é a vontade de estar desfrutando das boas companhias e dos lugares que passo, tanta coisa acontece quando você está disponível...
    "Quando a gente tem a alma cigana, aprende-se a ser amigo da saudade. Na verdade isso é quase uma imposição da vida fora de casa(...)As vezes sinto que minha alma resolveu viver essa amizade meio que uma defesa para não sofrer esse conflito : o corpo querendo voar mundo afora e o coração sem sair do lado de quem se ama e se quer bem."
           Viajar é muito bom, mas poder voltar e encontrar as pessoas que amamos também faz parte dessa grande viagem que é minha vida...Saudade resume bem o estado de minha alma.

                   Depois do assalto...
               Nossa primeira carona de caminhão,  parou e tomamos um chá com pão caseiro..
             
          Imagens e lugares inacreditáveis..
          Noites agradáveis na casa de Maxi.