quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Aos meus amigos...


            Talvez seja o final do ano, com mais um encerramento de um ciclo que me tem deixado um pouco emotiva, por isso tenho tentado passar um tempo agradável com os mais próximos a mim, tentar rever familiares que a muito tempo não vejo, aproveitar melhor o tempo curtindo o ócio criativo, construindo mapas, escolhendo músicas para minha playlist da estrada, sonhando com o novo do próximo ano, mas isso me assusta um pouco, tantas pessoas que ficarei sem ver por um bom tempo, minhas pequenas que eu amo..
               Hoje descarto a ideia do abandono, da fuga, da irresponsabilidade, construo a ideia de que levo cada um comigo nessa escolha de viver o meu desconhecido, dizendo para vocês que não vou por ai, não vou pelo caminho mais fácil, não irei criar raiz aqui, minha casa é aonde eu pousar minha cabeça em paz, minha casa é com vocês quando sonho lembrando dos seus abraços, minha casa é a lembrança de cada beijo,  de cada brutalidade minha em resposta a vocês, de cada mordida, minha casa é essa construção de novas lembranças por onde eu passar, é esse rastro de amor e prazer que quero deixar por quem eu passar...
                 Sou uma contradição pulsante, entre ar e terra, um desejo louco de ficar e partir,
quem dera poder ser uma alma sossegada, uma identidade mais tranquila e que me entregasse com mais facilidade as suas escolhas e rotinas, mas o meu querer mais, o meu não saber aonde vou, sabendo que sei que não consigo ir por ai, pelo menos agora é o que me leva...
            Ir contra o fluxo, ir em um ritmo diferente sempre causa estranheza e olhares tortos, só espero que os seus meu caros amigos/amores, não sejam tao ferrenhos em julgar, 
adoro essa frase do T.S. Eliot,que diz que  "Numa terra de fugitivos aquele que anda na direção contrária parece está fugindo",
 temos tão pouco tempo em desfrutar da presença um do outro,que discutir sobre o certo e errado só desgasta e se perde tempo, o que eu quero é festejar a vida, quero presença viva ao invés de uma presença ausente , Rubem Alves disse algo parecido ao falar sobre despedida, que temos que parar de namorar com a morte e beber toda a taça de vinho, por que a vida é um acontecimento de repente, acontece assim, de repente o pranto vira riso,  de repente se faz o caos, eu amo os encontros que o caos provoca, o vento que tira tudo do lugar, as pessoas que nos atravessam com uma força impressionante com suas referências, filosofias, teologias..livros, tudo isso nos transforma, cito mais uma vez esse homem que tem revirado meus armários Rubem Alves, "eu estou onde estou por que todos os meus planos deram errado", e sou tão feliz por isso que não mudaria nada, foi por isso que conheci cada um de vocês, é por isso que sou essa pessoa irritante, bruta, doce somente para os que sabem apreciar..kkkk!
            Pensar sobre despedida, morte e vida, é pensar sobre o que me é mais importante,  sobre quais lembranças tenho acumulado, não sobre o que tenho conquistado, não sobre um 10 que tirei na prova, pescando ou não..kkkk! O que deixarei para quem eu amo, muito fácil dividir meus bens materiais, os que ficam espero que não se matem por isso, difícil é deixar mais de mim em vocês, o desejo de não ser esquecida que temos guardado em nossa alma, o desejo de ter sido importante para alguém, o gozo de que de alguma maneira minha vida reverberou na sua que lhe deixei marcas...
              Desejo que minhas marcas sejam mais profundas, que meus encontros sejam mais intensos e que 2016 seja um ano cheio de reviravoltas, surpresas e com muito encontros inexplicáveis, espero que você se sinta contemplado nesse texto e que o desejo do encontro se torne grande, que a vontade de compartilhar da caminhada, dança, abraço, do pão e vinho cresça em nossos corações, enquanto estamos aqui, aproveitemos tudo não ignore nada, "é preciso ter o caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante" Nietzsche sabia das coisas...kkkk!!
               Até nosso próximo encontro...

Suy Melo